Caras e bocas (Divulgação)
**PUBLICIDADE f4t60
Uma palhaça só 6j6w4l
Publicado em 12 de abril de 2025 Por Jornal Do Dia Se cn4j
Rian Santos
.
Não há, em Aracaju, duas atrizes com o talento cômico de Paula Auday. Apresente-lhe uma plateia de adolescentes atormentados por hormônios e smartphones, ela os terá na palma da mão.
O espetáculo ‘Procura-se uma palhaça só’, na programação Vila da Páscoa, é a maior prova. No palco do Teatro Atheneu, anos atrás, a palhaça Mingau Mole não precisou dizer uma única palavra para prender a atenção da horda tiktoker aboletada nas poltronas da casa.
O roteiro do espetáculo concebido e estrelado por Paula Auday usa e abusa dos recursos próprios do universo circense. Mímica, acrobacia, paródia, todo o repertorio de gestos, adereços, caras e bocas, típicos da palhaçaria, pontuam a montagem livremente inspirada em ‘A hora da estrela’, de Clarice Lispector. Em lugar da melancolia pronunciada em forma de excelente literatura, contudo, sobra disposição para o absurdo e a gaitada.
Aqui, a solidão intransponível dos românticos não a de uma tênue linha condutora. Há uma situação posta, delimitada pela relação de uma secretária sonhadora com um programa de rádio. Ela ri, ela chora e, sobretudo, ela faz graça.
À frente da companhia Cigari há bons 15 anos, Paula Auday dispensou a cor esmaecida de uma lona surrada, há tempos. Um tamborete, uma praça, um terreno baldio, mais a atenção sincera de uma plateia disposta à alegria derramada, eis o circo.