Um grande negócio 5p2l

Emília Corrêa talvez não goste do Pré-Caju. Ainda assim, vislumbra na festa as mesmas virtudes alardeadas pelos seus maiores entusiastas. Entre as preferências de ordem pessoal e o interesse público, a cartilha da probidade recomenda, prevalece o bom proveito da maioria.

A postura republicana demonstrada pela prefeita de Aracaju, capaz de separar afetos e responsabilidades, surpreende. Diferente de Emília, contudo, tenho cá as minhas dúvidas sobre o potencial turístico e econômico da festa promovida pelo empresário Fabiano Oliveira.

Tudo bem, após décadas de investimento público milionário, o Pré-Caju é hoje um evento imenso. Mas o Festival de Artes de São Cristóvão, por exemplo, uma festa verdadeiramente popular, sem corda, sem abadá, não tem potencial para atrair o mesmo volume de visitantes? O Lambe Sujo, em Laranjeiras, não merece as declarações de amor do governador de plantão? A longevidade do Curta-SE, a viola surrada dos compositores da Atalaia, os embates travados entre Sergipe e Confiança, nada disso anima a sergipanidade adormecida nos corredores vazios da istração local?

Sim, digo e repito: conservo uma diferença inconciliável com a festa de Fabiano. A solicitude do prefeito, o empenho do governador, os rios de dinheiro desviados para irrigar a alegria coreografada na avenida, tudo isso contrasta com o abandono flagrante da sensibilidade nativa.

Cultura, para o poder público local, tudo indica, é igual a ‘business’. E só ‘business’, mesmo.