Crônicas musicais: Os novos nomes da arte 1t5dv
Publicado em 29 de abril de 2020 Por Jornal Do Dia 6w5i3s
O Jornal do Dia publica, sempre às quartas, uma série de artigos assinados pelo jornalista Antonio os. São textos ambientados nos anos de formação de uma empolgante cena musical sergipana, nos quais os relata o que viu e viveu de perto, in loco, no calor do momento.
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Esta semana, o espaço aberto aos "novos nomes na arte" está sendo ocupado, a partir deste momento, por José Aroldo Santos, ou, simplesmente, Aroldo, como é mais conhecido entre os amigos e músicos. Natural de Riacho, município de Paulo Afonso/BA, Aroldo, que nasceu no dia 19 de outubro de 1967, atua no cenário musical aracajuano desde ’86, empunhando seu sax pela noite a fora. Filho e neto de sanfoneiros, até os dez anos de idade, aproximadamente, sua maior influência musical eram as tradicionais bandas de pífano, comuns na região em que morava. Em 1979, residindo em Itabaiana/SE, ingressou na banda de música do colégio para tocar clarinete, o primeiro instrumento de sopro ao qual teve o. Entretanto, Aroldo não estava entre os aprendizes que mais se destacavam. Até que, um fato inusitado, causou grandes transformações.
As mudanças começaram a ocorrer em 1980, quando deram a ele, de presente, um disco de Louis Armstrong. Daí por diante, entusiasmado pelo novo som que acabara de conhecer, ou a conseguir progressos na execução do seu instrumento, chegando a criar, em ’82, ao lado do companheiro Wellington, a "Jazz Band Itabaiana City". Tocavam baseados em uns poucos discos de jazz aos quais tinham o na época.
O trabalho com a "Jazz Band Itabaiana City", entretanto, ainda no ano da fundação, foi interrompido. Aroldo ingressou em um seminário localizado em Aracaju, onde ou a tocar órgão, acompanhando os padres. Difícil seria esperar de alguém que já havia experimentado as delícias do ambiente profano, uma adequação duradoura aos condicionamentos do ambiente sacro. Em ’83, o músico trocou o seminário pela banda de jazz.Entre ’84 e ’86 (ano em que ingressou na UFS para cursar a faculdade de História) integrou alguns grupos de baile, entre os quais: R-Som 7, de Lagarto/SE; Cassino Royale e Os Explosivos, de Paulo Afonso/BA.
Em Aracaju, Aroldo logo procurou somar a música às suas recentes atividades acadêmicas. Começou então a tocar na banda "Lua Navalha", que acompanhava o compositor Mingo Santana e, simultaneamente, com o seresteiro Sérgio Tianer. Nessa época já tocava sax alto e sax tenor.
Pensando em evoluir musicalmente, ingressou no Conservatório de Música de Sergipe, saindo após um ano e meio de aulas. Por volta de ’88, optou, decisivamente, pela profissionalização, ando então a acompanhar o cantor Rogério e a fazer parte da banda Acauã.
Em 89, fundou a banda Escalibur, ao lado dos músicos Melcíades e Wellington. Atualmente toca em três bandas: Escalibur, o quarteto Urublues e a banda de rock Fome Africana. Em seguida, algumas frases de Aroldo: sobre o Conservatório de Música – "achei uma merda, ei um ano e meio e saí"; sobre tocar na noite – "embora seja uma grande escola, ter que vender a arte é foda"; sobre o deboche e outros ritmos baianos que estão em alta – "só toco bêbado".
Publicação original em:Folha da Praia, Aracaju, 26 de agosto a 10 de setembro de 1990.