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Crônicas musicais: Acid-se com Ricardo Fontes 4n555q
Publicado em 13 de maio de 2020 Por Jornal Do Dia 3l482i
O Jornal do Dia publica, sempre às quartas, uma série de artigos assinados pelo jornalista Antonio os. São textos ambientados nos anos de formação de uma empolgante cena musical sergipana, tão modesta quanto barulhenta, nos quais os relata o que viu e viveu de perto, no calor do momento.
***
Em meados de 1989, após algum tempo em viagem pelo exterior e ao sul do país, voltou a Aracaju o agitadíssimo Ricardo Fontes. Iluminado por uma profusão de ideias que não param de jorrar por sua boca. Em tom visionário, tratou logo de produzir projetos artísticos.
Embriagado pelas palavras que não parava de pronunciar: "acidhouse, acidhouse, acidhouse", Ricardo montou o projeto performático musical "AcidÔxe". Tratava-se de um duo com pseudônimos estranhos: OdracirSetnof (o próprio Ricardo) e Alex Nitrate, em torno dos quais, às vezes, giravam outros músicos.
O "AcidÔxe" foi uma tentativa pioneira de produção das mais novas tendências da dance music inglesa, em Aracaju. Mal entendido por alguns e saudado por outros, o projeto foi apresentado duas vezes no Manhattan Bar, uma vez no Panis et Circences e mais algumas em festas particulares, até ser interrompido.
Alguns meses se aram e o senhor "AcidÔxe" voltou a todo vapor. Ricardo Fontes pintou as paredes do bar Alternativa (Praça Camerino), modificando completamente o visual do ambiente. As cores seduzem. Entretanto, ao aparecer por lá, não viaje apenas no espetáculo visual. Observe, sobretudo, os detalhes. Cheguem mais perto e tentem decifrar os escritos multidirecionais. Só assim, poderão ler textos como o transcrito a seguir:
"Você já ouviu falar em Nietzsche? Pessoas brilhantemente insanas conseguem influenciar o mundo após suas existências. O mal-entendido do que o amor a si mesmo pregado por Zaratrustra significa, gerou Hittler, década de 80, aproveitamento genial feito por Freud (o inconsciente!). Não religião. Instinto. Águia e serpente. Acima do bem e do mal. Carro. Número 7. Tarot. Auto-consciência. Interação de forças opostas. A saída da dúvida. O caminho para a justiça. Conhece-te a ti mesmo. Vence! Você pode ser tudo que quiser. Você deve ser! Faça sua vida. Eis o tempo! Eis o tempo! Pense, dance, divirta-se. Funislife! Funis legal! Adid-se! Acid! Acid-se! A vitória, a vitória, a vitória."
Ricardo Fontes aposta que a guerra no Golfo Pérsico levará à terceira guerra mundial. Dessa, alguns sobreviverão, e o futuro desses se chamará dance music. Escolham suas profecias e boa viagem…
Publicação original em:
Folha da Praia, Aracaju, 02 a 08 de dezembro de 1990.
O Jornal do Dia publica, sempre às quartas, uma série de artigos assinados pelo jornalista Antonio os. São textos ambientados nos anos de formação de uma empolgante cena musical sergipana, tão modesta quanto barulhenta, nos quais os relata o que viu e viveu de perto, no calor do momento.
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Em meados de 1989, após algum tempo em viagem pelo exterior e ao sul do país, voltou a Aracaju o agitadíssimo Ricardo Fontes. Iluminado por uma profusão de ideias que não param de jorrar por sua boca. Em tom visionário, tratou logo de produzir projetos artísticos.
Embriagado pelas palavras que não parava de pronunciar: "acidhouse, acidhouse, acidhouse", Ricardo montou o projeto performático musical "AcidÔxe". Tratava-se de um duo com pseudônimos estranhos: OdracirSetnof (o próprio Ricardo) e Alex Nitrate, em torno dos quais, às vezes, giravam outros músicos.
O "AcidÔxe" foi uma tentativa pioneira de produção das mais novas tendências da dance music inglesa, em Aracaju. Mal entendido por alguns e saudado por outros, o projeto foi apresentado duas vezes no Manhattan Bar, uma vez no Panis et Circences e mais algumas em festas particulares, até ser interrompido.
Alguns meses se aram e o senhor "AcidÔxe" voltou a todo vapor. Ricardo Fontes pintou as paredes do bar Alternativa (Praça Camerino), modificando completamente o visual do ambiente. As cores seduzem. Entretanto, ao aparecer por lá, não viaje apenas no espetáculo visual. Observe, sobretudo, os detalhes. Cheguem mais perto e tentem decifrar os escritos multidirecionais. Só assim, poderão ler textos como o transcrito a seguir:
"Você já ouviu falar em Nietzsche? Pessoas brilhantemente insanas conseguem influenciar o mundo após suas existências. O mal-entendido do que o amor a si mesmo pregado por Zaratrustra significa, gerou Hittler, década de 80, aproveitamento genial feito por Freud (o inconsciente!). Não religião. Instinto. Águia e serpente. Acima do bem e do mal. Carro. Número 7. Tarot. Auto-consciência. Interação de forças opostas. A saída da dúvida. O caminho para a justiça. Conhece-te a ti mesmo. Vence! Você pode ser tudo que quiser. Você deve ser! Faça sua vida. Eis o tempo! Eis o tempo! Pense, dance, divirta-se. Funislife! Funis legal! Adid-se! Acid! Acid-se! A vitória, a vitória, a vitória."
Ricardo Fontes aposta que a guerra no Golfo Pérsico levará à terceira guerra mundial. Dessa, alguns sobreviverão, e o futuro desses se chamará dance music. Escolham suas profecias e boa viagem…
Publicação original em:
Folha da Praia, Aracaju, 02 a 08 de dezembro de 1990.
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