Bebam do próprio veneno em silêncio 47mz

* Rômulo Rodrigues

Bebam devagar, devagarinho, para o efeito não ser acelerado. Bebam, lembrando aquele domingo 17 de abril de 2016 quando uma massa de imbecis vestida de verde e amarelo pelo Brasil inteiro vibrou com o voto do deputado federal pelo partido Solidariedade por Pernambuco, Bruno Araújo que decretou o início do processo de Impeachment da presidenta da República Dilma Rousseff por um crime de responsabilidade que nunca existiu.
No dia 31 de agosto, uma quarta feira, Dilma Rousseff teve cassado o seu mandato conquistado nas urnas pelos votos de 71 senadores da República.
Saíram vencedores os golpistas que liderados pelo vice-presidente da República Michel Temer elaboraram um programa chamado Ponte para o Futuro e consumaram o golpe na democracia com os chefes militares, com a mídia, com os partidos burgueses, com o Supremo, com tudo.
Antes, no dia 12 de maio, o presidente interino do Brasil, Michel Temer, nomeou o ex-secretário de segurança pública do estado de São Paulo, advogado especializado em direito público Alexandre de Moraes como ministro da justiça.
No dia 22 de março de 2017 novamente Michel Temer, o nomeou ministro do Supremo Tribunal Federal, STF, após a morte do ministro Teori Zavaski em acidente aéreo no mês de janeiro do mesmo ano. Portanto, o ministro Alexandre de Moraes não foi nomeado por ninguém do Partido dos Trabalhadores. Precisa desenhar?
Foi nomeado sim, na sequência de um golpe de estado midiático, civil, militar e político para impedir o crescente protagonismo do país que na economia chegara ao pleno emprego, maiores índices de crescimento no PIB e no PIB Per-capita, com o salário mínimo apresentando ganhos reais acima da inflação de 76%, com inflação dentro da meta e tendo conquistado o 6º lugar na economia mundial, incomodando a Europa e os EUA.
E hoje, 9 anos depois, por onde andam e onde estão os que acreditaram que no Brasil a História tinha chegado ao fim? Está aí uma boa dica para quem desejar saber a verdade histórica e não a repetida pelas meninas do Impeachment ou, garotas do Jô.
Ao que parece, o jogador de futebol Rafinha se tivesse acompanhado a história recente do seu país, não teria cutucado o cão argentino com a vara curta do ardiloso Romário.
É na esteira das muitas estórias que descobrimos coisas interessantes como: Dilma Rousseff acaba de ter o mandato de presidenta do Nacional Banco de Investimentos, o Banco dos BRICS, o 2º maior banco do mundo, renovado por mais 5 anos por indicação da Rússia e aprovação por unanimidade; Lula entra na sua 2ª metade do 3º mandato de presidente da República e após anunciar ser este o ano da colheita, está participando de um fato histórico; após 6 anos sem receber nenhum chefe de Estado o imperador do Japão, cujo protocolo religioso só permite receber um por ano, recebeu com todas as pompas e honras o presidente do Brasil.
E eles, os algozes da democracia em quais patamares estão? Por exemplo; Michel Temer, Eduardo Cunha, Romero Jucá, general Vilas Boas, Jair Bolsonaro que exaltou o torturador Ustra como terror de Dilma Rousseff e tantos e quantos outros mequetrefes?
Aquele STF que Romero Jucá citou como garantia do golpe de 2016, já não existe mais e agora é supremo para valer, garantidor da Constituição Federal cuja amostra foi vista na tarde noite do dia 26 de março de 2025 ao aceitar por 5×0 todas as denúncias contra os expoentes das ações terroristas de 8 de janeiro de 2023 em tentativa de golpe de estado, nas nojentas figuras de Jair Bolsonaro, Braga Neto, Sergio Nogueira, Augusto Heleno, Almir Garnier, Mauro Cid, Anderson Torres e Alexandre Ramagem, para mofarem nas cadeias.
Eles, outrora tão arrogantes, exaltadores de torturadores na execrável figura do coronel do exército, como fez Bolsonaro, convictos que tinham as autoridades para tutelarem o Estado Democrático de Direito, como serviçais convictos e juramentado de outra Nação, tiveram que ouvir calados as exposições dos seus hediondos crimes, tendo que ver em destaques as figuras heroicas da filha de Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel e do filho de Vladimir Herzog.
Se tivessem olhos e ouvidos de seres humanos, ouviriam como melodia de fundo de cenas “O bêbado e a equilibrista” cantada por Elis Regina e o recitar contundente de Chico Buarque e Milton Nascimento em “Cálice”.
Que fique claro para todas e todos os canalhas que a sagacidade da 1ª dama Janja na tarde do domingo, 8/1, lá em Araraquara impediu o ato final para decretação de uma nova e mais sangrenta ditatura militar.

* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político