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O Paraíso de Borges 1c5o50


Publicado em 17 de maio de 2025 Por Jornal Do Dia Se 3s531i


O Paraíso na forma de imensa biblioteca (Arquivo)

Rian Santos
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Devoto da palavra escrita, Borges gostava de imaginar o Paraíso na forma de uma biblioteca imensa. E não há leitor no mundo capaz de conceber modo mais proveitoso de ar a eternidade.
Vira e mexe, quando me dou ao luxo de um café na Escariz, no entanto, acabo voltando pra casa com um livro embaixo do braço. Tenho a vaidade da posse. Na época das vacas magras, no meu tempo de vinhos baratos, os sebos foram o único consolo possível no horizonte tacanho dos meus bolsos furados.
A leitura não me basta. As bibliotecas dos outros e os livros emprestados, triste remédio, jamais mataram a minha fome, insaciável. Eu recorria aos sebos como um seminarista de pouca fé, precisava respirar a poeira e esgarçar as capas velhas, cheias de mofo, para animar a maravilha fugaz de cada página virada. Precisava, antes de tudo, ter o livro sempre à mão, como um troféu, como quem ralasse os joelhos ante um santo de barro. Eu media o meu valor em número de prateleiras e lombadas empilhadas.
Pensando nos leitores de alta estirpe, desprendidos, como eu nunca fui, as bibliotecas hoje oferecem de um tudo: revistas, HQs, cordéis, o escambau. Da maior importância, essas instituições provam que se as grandes livrarias ensaiam uma valsa à beira do abismo, como protestam, os livros e os leitores am muito bem, obrigado.
Borges foi mais do que um homem, foi um gigante, um escritor sem tamanho, capaz de vislumbrar o longe e a miragem. Eu, pobre de mim, sou uma criatura mesquinha, urdido na falta. E, como na canção de Caetano Veloso, amo os livros de um amor táctil, como um objeto, material, o mesmo sentimento faminto de todo viciado pelos maços de cigarros.
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